domingo, 1 de novembro de 2015

EXPLICAÇÃO DO CONCEITO BÍBLICO DE SALVAÇÃO PARA O DANIEL TESTEMUNHA DE JEOVÁ

Antes de entrar na análise dos textos de Atos 2:46; 5:42 e 20:20 eu gostaria de abordar o ponto que achei mais preocupante, que foi o que você disse várias vezes em relação a salvação pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, chamando-a de “Falácia simplista”. Basta darmos uma olhada no que Paulo falou sobre o conceito de “justificação” e “salvação” e percebemos a suficiência da fé em Jesus. Vejamos alguns exemplos.

Romanos 3:10-12:

“assim como está escrito: “Não há um justo, nem sequer um só; não há ninguém que tenha perspicácia, não há ninguém que busque a Deus. Todos se apartaram, todos eles juntos se tornaram inúteis; não há ninguém que faça benignidade, não há nem sequer um só”.

Não é difícil perceber que Paulo está dizendo que ninguém é justo o suficiente para “merecer” a salvação. Isso está em harmonia com o texto de Isaías 64:6 que apresenta nossos “atos de justiça como inaceitáveis para Deus”, na verdade comparado a “trapos de imundícia” (Almeida RA):

“E tornamo-nos como alguém impuro, todos nós, e todos os nossos atos de justiça são como uma veste para os períodos de menstruação; e desvaneceremos como a folhagem, todos nós, e os nossos próprios erros nos levarão embora como o vento”.

Por esse motivo, o mesmo capítulo de Romanos já citado explica que a justificação se dá por meio da Fé em Jesus nos versículos 21-26:

“Mas agora, à parte da lei, foi manifestada a justiça de Deus, conforme lhe dão testemunho a Lei e os Profetas; sim, a justiça de Deus por intermédio da fé em Jesus Cristo, para todos os que têm fé. Porque não há distinção. Pois todos pecaram e não atingem a glória de Deus, e é como dádiva gratuita que estão sendo declarados justos pela benignidade imerecida dele, por intermédio do livramento pelo resgate [pago] por Cristo Jesus. Deus o apresentou como oferta de propiciação por intermédio da fé no seu sangue. Isto se deu, a fim de exibir a sua própria justiça, porque ele estava perdoando os pecados que ocorreram no passado, enquanto Deus exercia indulgência; a fim de exibir a sua própria justiça nesta época atual, para que fosse justo, mesmo ao declarar justo o homem que tem fé em Jesus”.

É interessante que Atos 13:38,39 apresenta o mesmo conceito de justificação pela fé em Jesus: “Sabei, portanto, irmãos, que por intermédio Deste se publica a vós o perdão de pecados; e que, de todas as coisas das quais não podíeis ser declarados inculpes por meio da lei de Moisés, todo aquele que crê é declarado inculpe por meio Deste”.

Observe que essa justiça é uma “dádiva gratuita”, e também “para todos os que tem fé”. A mesma verdade é repetida em Efésios 2:8-10. De fato a única coisa que “merecemos” se não nos reconciliarmos com Deus é o que diz os versículos 3-5:

“Sim, todos nós nos comportávamos antes entre eles de acordo com os desejos da nossa carne, satisfazendo a vontade do corpo e da mente, e éramos por natureza merecedores da ira, assim como os demais. Mas Deus é rico em misericórdia e, por causa do grande amor com que nos amou, nos deu vida junto com o Cristo, mesmo quando estávamos mortos por causa das nossas falhas— por bondade imerecida vocês foram salvos”. 

De fato, a “ira de Deus” é tudo que “merecemos” quando não depositamos fé em seu Filho Jesus. Os versículos 8-10 são bastante esclarecedores nesse sentido:

“Por esta benignidade imerecida é que fostes salvos por intermédio da fé; e isto não se deve a vós, é dádiva de Deus. Não, não se deve a obras, a fim de que nenhum homem tenha base para jactância. Pois nós somos produto de sua obra e, em união com Cristo Jesus, fomos criados para boas obras, que Deus preparou de antemão para andarmos nelas”.

Portanto de acordo com o verso 8, “somos salvos pela graça” (Almeida RA), o que é uma “dádiva de Deus”. O verso 9 enfatiza que “não é por obras” para que ninguém se “glorie”. Mas é interessante o que diz no verso 10: “fomos criados para as boas obras”. Portanto qualquer obra que realizamos não pode ser aceita por Deus a parte da justiça que vem da fé em Cristo. Mas depois que somos alcançados por essa tão grande salvação, as obras são uma consequência desse Ato de Deus em nosso favor (Hebreus 2:3). Desse modo as obras nunca poderão ser feitas para obter a salvação, mas sim em reconhecimento daquilo que Deus nos deu. Entre essas obras inclui a própria obediência.

Atos 15:11 apresenta o mesmo conceito da salvação pela graça: “Ao contrário, confiamos em ser salvos por intermédio da benignidade imerecida do Senhor Jesus, do mesmo modo como também essas pessoas” (Veja também Atos 20:24 sobre o “evangelho da graça”).

Nesse sentido, é interessante observar qual era a mensagem enfaticamente pregada nos relatos de Atos dos apóstolos, a saber: “a fé no Cristo ressurreto como Senhor” como único meio de Salvação. Isso pode ser visto em todas as passagens de pregação do livro de Atos: Atos 2:14-36; 3:11-26; 4:4,11,12,32-35; 5:14,27-28,30-32, a ênfase do discurso de Estêvão foi completamente construída na fé em Jesus. Eu poderia citar vários outros exemplos em todo o livro de Atos, mas esses bastam.

Observe também que o texto de Romanos 10:9,10 citado por você nos diz:

“Pois, se declarares publicamente essa ‘palavra na tua própria boca’, que Jesus é Senhor, e no teu coração exerceres fé, que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se exerce fé para a justiça, mas com a boca se faz declaração pública para a salvação”.

O próprio texto é enfático em dizer que somos salvos por se “declarares publicamente essa ‘palavra na tua própria boca’, que Jesus é Senhor, e no teu coração exerceres fé, que Deus o levantou dentre os mortos”. De fato essa é a mensagem pregada em todo o livro de Atos. Você falou que a salvação não vem apenas pelo “crer em Jesus”, mas também com a “declaração pública para a salvação”. Eu entendo que você estava pensando na interpretação equivocada da Torre de Vigia de que essa “declaração pública” se refere ao serviço de pregação mencionado alguns versículos a frente. Mas nem é preciso muito esforço mental para entender que a “declaração pública” é o próprio ato de “declarar publicamente” que Jesus é o Senhor. De fato essa foi uma espécie de “fórmula batismal” em todo o livro de Atos, foi isso que o eunuco, o próprio carcereiro de Filipos e todos os outro fizeram (Atos 8:35). É óbvio que depois disso seguia um discipulado, mas a salvação apresentada em todo o livro é “pela fé no nome de Jesus”. Isso apenas nos ensina a “suficiência” do sacrifício de Cristo”. Tudo aquilo que fazemos depois, inclusive a perseverança que é uma evidência de que nossa conversão é genuína é em agradecimento ao que já recebemos. Do contrário o que você está defendendo equivale a “salvação por obras”. Creio que esta não é a sua intenção.

É curioso que embora a TNM tenha inserido o nome Jeová no versículo 13 de Romanos capítulo 10, a palavra que aparece nos cerca de 5 mil manuscritos gregos existentes é Senhor (Kyrios em grego). E todo o contexto indica claramente que o Senhor ali é Jesus. O texto diz que “todo aquele que invocar o nome do Senhor” e o verso 9 diz: “se declarares publicamente essa ‘palavra na tua própria boca’, que Jesus é Senhor”, portanto o próprio contexto demonstra que a tradução da TNM foi claramente corrompida. Nesse sentido é interessante o que diz em Atos 22:6: “E agora, por que demoras? Levanta-te, sê batizado e lava os teus pecados por invocares o seu nome.’” (Veja também Atos 9:21).

Portanto, baseado em tudo que foi apresentado acima, é bom que você reveja seu conceito de salvação que você chama de “superficial” e “simplista”, pois essa foi a mensagem pregada por Paulo e todos os cristãos do primeiro século. Se curve aos pés de Jesus, reconheça e declare publicamente que ele é o seu Senhor, pois esse é o único caminho da salvação. Eu falo isso para você com toda sinceridade.

Agora que já vimos o que a Bíblia fala sobre justificação e salvação, podemos analisar os relatos de batismo, já que você disse que o caso do carcereiro é “isolado”. Em seguida partiremos para a análise dos relatos de “testemunho público e de casa em casa”.



Até breve!

P.S:  Links Relacionados:

Relatório Final do Debate: http://coisasdareligiao.blogspot.com.br/2015/11/relatorio-final-do-debate-com-o-daniel.html

Confronto dos principais argumentos do Daniel com os meus: http://coisasdareligiao.blogspot.com.br/2015/10/argumentos-finais-do-debate-com-o.html

Print de vários comentários meus que se tornaram invisíveis durante o debate: http://coisasdareligiao.blogspot.com.br/2015/11/print-de-varios-comentarios-meus-que-se.html

link do debate: https://www.youtube.com/watch?v=V4vkCrkdwNI

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